segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Trânsito em Maceió fica fora de controle


Buzinadas, palavrões e até ameaças marcam rotina de pedestres e condutores de veículos

Trânsito em Maceió fica fora de controle

“Enquanto os homens exercem seus podres poderes, motos e fuscas avançam os sinais vermelhos e perdem os verdes”. Enquanto a música de Caetano toca no som da Pajero com apenas um ocupante, passageiros se imprensam em pé no Benedito-Iguatemi terminal Frei Damião. Enquanto o motorista do ônibus dá um trancão no carroceiro, um caminhão para em área proibida e um motoboy xinga o taxista que muda de faixa sem dar sinal, em alta velocidade.

 Buzinadas, palavrões e ameaças fazem a rotina do trânsito maceioense. É o caos. Da Avenida Fernandes Lima à principal do Jacintinho, do Centro à Ponta Verde, sempre tem alguma barbeiragem pelas ruas mal projetadas e com pouca fiscalização. Para checar a quantas anda o nosso trânsito, a Gazeta resolveu dar uma volta em alguns pontos nevrálgicos da cidade. Bastaram cerca de quatro horas para identificar “quilômetros” de irregularidades, “esquinas” de intolerância e “desvios” de inoperância dos homens com poderes para fazer alguma coisa.

 O “engavetamento” de flagrantes contra as leis de trânsito começou a ser registrado pelo Centro. As placas de proibido parar e estacionar não servem de nada, diante de dezenas de carros postados na Rua Barão de Maceió, quase em frente à Santa Casa.

ACESSIBILIDADE. Engenheira de tráfego aponta alternativa

SOLUÇÃO PASSA PELO TRANSPORTE DE MASSA

Por: MAURÍCIO GONÇALVES - REPÓRTER

A engenheira de tráfego Rosineide Honorato atribui o caos à inoperância ou ausência de fiscalização, planejamento ineficaz, aumento da frota e falta de investimento no transporte coletivo de massa. É uma equação simples de enxergar, mas difícil de resolver. “Enquanto o número de veículos e condutores aumenta, de uma forma muito rápida, o nosso sistema viário não cresce na mesma proporção”.

 Mas não é só isso. Depende de planejamento, regulamentação e políticas públicas. Por exemplo: “Em outros países, você só pode adquirir um carro se comprovar que tem um local para guardá-lo”, cita a engenheira. Há toda uma filosofia de consumo, com financiamentos que facilitam a aquisição de um carro, quadriciclo ou uma cinquentinha. Além do excesso de carros e motos, o tamanho dos veículos não para de crescer. “Antes, você tinha fuscas; hoje, são carrões de padrão americano, as SUVs, picapes, sedans”.

 A engenheira critica a falta de fiscalização, tanto do município como do Estado. “Se sabemos que o aumento dos acidentes se deve à velocidade, é preciso localizar os corredores onde há mais velocidade e reduzi-la. A fiscalização humana é importante, mas é crucial implantar equipamentos eletrônicos”, sugere.

RESPONSABILIZAÇÃO. Rodoviário atribui caos à SMTT

DESORGANIZAÇÃO ELEVA NÚMERO DE ACIDENTES

Por: MAURÍCIO GONÇALVES - REPÓRTER

O presidente do Sindicato dos Rodoviários, Écio Marques, é mais direto nas críticas. “Atribuo o caos no trânsito à desorganização e falta de compromisso da Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito [SMTT]. Falta vontade de querer trabalhar, parece que não tem um engenheiro de trânsito em Maceió. Aí, ficam iludindo a população com a licitação dos ônibus, mas não é a licitação que vai resolver, ela só vai regularizar o serviço para os empresários de transporte”.

 Para o sindicalista, o município deveria, pelo menos, criar um corredor de transporte exclusivo nas avenidas Fernandes Lima e Durval de Góes Monteiro. “Já ia minimizar o sofrimento dos usuários e de toda a sociedade”.

 Écio também aponta a falta de critérios para a permissão de um número excessivo de praças de táxis. “Em Atalaia, tem 200 táxis; em Coqueiro Seco ,tem 100 táxis. Eles estão rodando onde? Não há fiscalização para o transporte clandestino, é uma desmoralização muito grande e só aumenta o número de carros na cidade”.

RESPONSABILIZAÇÃO. Rodoviário atribui caos à SMTT

DESORGANIZAÇÃO ELEVA NÚMERO DE ACIDENTES

Por: MAURÍCIO GONÇALVES - REPÓRTER

O presidente do Sindicato dos Rodoviários, Écio Marques, é mais direto nas críticas. “Atribuo o caos no trânsito à desorganização e falta de compromisso da Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito [SMTT]. Falta vontade de querer trabalhar, parece que não tem um engenheiro de trânsito em Maceió. Aí, ficam iludindo a população com a licitação dos ônibus, mas não é a licitação que vai resolver, ela só vai regularizar o serviço para os empresários de transporte”.

 Para o sindicalista, o município deveria, pelo menos, criar um corredor de transporte exclusivo nas avenidas Fernandes Lima e Durval de Góes Monteiro. “Já ia minimizar o sofrimento dos usuários e de toda a sociedade”.

 Écio também aponta a falta de critérios para a permissão de um número excessivo de praças de táxis. “Em Atalaia, tem 200 táxis; em Coqueiro Seco ,tem 100 táxis. Eles estão rodando onde? Não há fiscalização para o transporte clandestino, é uma desmoralização muito grande e só aumenta o número de carros na cidade”.

PROBLEMAS O TEMPO INTEIRO

Em cerca de uma hora de entrevista por telefone, um dos responsáveis pela administração do tráfego em Maceió elencou os pontos mais críticos e lembrou uma série de medidas adotadas. José Moura afirma que a cidade sofre, hoje, com a falta do planejamento que deveria ter acontecido há 30 anos.

 Mesmo assim, ainda não se planeja nada, e as próximas gerações vão sofrer com a falta de projetos que deveriam ser postos em prática desde já. A seguir, alguns trechos da entrevista.

Transporte coletivo

 As pessoas pensam que a solução para o trânsito pode ser imediata, mas ninguém vai conseguir isso. Deve ser a médio e longo prazo, com a melhora do transporte coletivo. Não adianta viver de medidas paliativas, a frota cresce, todo mês entram de 1.600 a 1.700 carros novos em Maceió.

 Intervenções

 A gente atua com medidas emergenciais o tempo todo, mas as pessoas não se lembram dos problemas resolvidos. Pense em como estaria o trânsito hoje sem o viaduto da Mangabeiras, as passagens de nível do Farol, os contornos de quadra da Fernandes Lima, a alça viária da Íris Alagoense, a criação de binários como na João Davino e na Álvaro Calheiros, a instalação de vias de mão única na Jatiúca e Ponta Verde. Acabou aquele nó da Secos e Molhados na Álvaro Calheiros, o da Thomaz Espíndola com a D. Antônio Brandão, mas surgem novos problemas o tempo todo. LM

TRANSPORTADORES IRREGULARES. Já seriam mais de 800 veículos rodando por quase toda a cidade

CLANDESTINOS TOMAM AS RUAS

Por: LELO MACENA - REPÓRTER

Chamados de milicianos, comparados na forma de agir a mafiosos do jogo do bicho e até a traficantes de drogas pelo ex-superintendente da SMTT, delegado federal José Pinto de Luna, os transportadores clandestinos seguem em plena atividade nas ruas de Maceió. Já são mais de 800 veículos rodando por quase todos os bairros da cidade. São carros pequenos, de placas cinza, alguns com praça, outros maiores, estilo Doblô. Caíram no gosto da população e chegam a transportar, por dia, mais de 10 mil pessoas, ao preço de R$ 2,50 por cabeça.

 Recentemente, esses transportadores se envolveram em um dos protestos mais violentos promovidos por uma “categoria” na cidade. Após a apreensão de um veículo Doblô que fazia lotação na linha Village Campestre, eles enfrentaram os fiscais da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT), tombaram uma viatura e liberaram o veículo e os documentos do condutor na base da pressão e intimidação.

“POPULAÇÃO É CARENTE DE TRANSPORTE PÚBLICO”

O ex-supervisor de vendas Márcio Pinho vendeu uma casa para comprar, segundo ele, o Fiat Doblô que usa para transportar passageiros. Ele estava presente no protesto em que o veículo da SMTT foi atacado por manifestantes.

 “Aquilo que aconteceu foi um desabafo, um ato de defesa nosso contra essa fiscalização da SMTT. Cansamos de pedir uma reunião com eles, mas nunca fomos recebidos. Se nós tivéssemos dinheiro, como os empresários de ônibus, talvez nos recebessem”, diz Márcio Pinho, um dos representantes dos mais de 800 transportadores tidos como irregulares pela SMTT.

 Segundo ele, a categoria está se organizando e vai buscar a legalização. “Já estamos nos reunindo. Eu pretendo ser o representante. Queremos fazer uma coisa planejada e certa. Vamos mandar uma proposta para a Câmara de Vereadores; se eles não quiserem fazer, aí vamos ver no que vai dar”, disse Pinho. LM

DEMANDA CRESCENTE.

Donos de veículos se organizam para formar associação

PASSAGEIROS APROVAM ALTERNATIVA

Por: LELO MACENA - REPÓRTER

No Centro da cidade, são mais de 30 veículos que fazem a “linha” Medeiros Neto, Bebedouro e adjacências. O movimento de passageiros é grande. Todos querem fugir da demora e do incômodo dos coletivos lotados. De um estacionamento improvisado na Rua Augusta, a popular Rua das Árvores, as lotações saem e chegam. Muitas vezes, o fluxo da rua é interrompido para a manobra das lotações.

 “Eu sou usuário desse tipo de transporte. Pela manhã, se pegar um ônibus, chego atrasado. Por isso, prefiro os carros pequenos”, afirma o funcionário público Vanderley Mariano, morador do Tabuleiro, na parte alta da cidade. “Prefiro pagar

R$ 0,40 a mais, andar sentado, no conforto, e chegar ao trabalho no horário”, completa Vanderley, enquanto espera para entrar no carro que vai transportá-lo de volta para casa no fim da tarde.

TRANSPORTADORES IRREGULARES. Já seriam mais de 800 veículos rodando por quase toda a cidade

CLANDESTINOS TOMAM AS RUAS

Por: LELO MACENA - REPÓRTER

Chamados de milicianos, comparados na forma de agir a mafiosos do jogo do bicho e até a traficantes de drogas pelo ex-superintendente da SMTT, delegado federal José Pinto de Luna, os transportadores clandestinos seguem em plena atividade nas ruas de Maceió. Já são mais de 800 veículos rodando por quase todos os bairros da cidade. São carros pequenos, de placas cinza, alguns com praça, outros maiores, estilo Doblô. Caíram no gosto da população e chegam a transportar, por dia, mais de 10 mil pessoas, ao preço de R$ 2,50 por cabeça.

 Recentemente, esses transportadores se envolveram em um dos protestos mais violentos promovidos por uma “categoria” na cidade. Após a apreensão de um veículo Doblô que fazia lotação na linha Village Campestre, eles enfrentaram os fiscais da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT), tombaram uma viatura e liberaram o veículo e os documentos do condutor na base da pressão e intimidação.

SMTT PROMETE INTENSIFICAR A FISCALIZAÇÃO

Há menos de uma semana no cargo, o novo superintendente da SMTT, Ranilson Campos, substituto de José Pinto de Luna, chega ao órgão de trânsito municipal em momento turbulento. Na última sexta-feira, após uma reunião com assessores, ele concedeu breve entrevista à reportagem da Gazeta.
 “Estou aqui há 4 dias, ainda tomando pé da situação”, disse. Ele se mostrou preocupado e atento aos últimos acontecimentos na SMTT. “Não é com enfrentamento que vamos resolver o problema dos transportadores clandestinos. Tivemos um carro danificado. Aquilo é dinheiro público que vamos gastar para consertar”, disse, ao se referir ao embate travado no último dia 11.

Com tranquilidade, mas com firmeza, mostrou que não vai abrir mão de aplicar a lei. “Trata-se de um transporte ilegal e a lei tem de ser cumprida”, disse Ranilson Campos, ao informar que a fiscalização deve ser intensificada nos próximos dias. Os mototaxistas também serão fiscalizados. LM

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Por: MAURÍCIO GONÇALVES – REPÓRTER

Domingo, 22 de janeiro de 2012

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