Buzinadas, palavrões
e até ameaças marcam rotina de pedestres e condutores de veículos
Trânsito em Maceió fica fora
de controle
“Enquanto os homens exercem seus podres poderes, motos
e fuscas avançam os sinais vermelhos e perdem os verdes”. Enquanto a música de Caetano toca no som da Pajero
com apenas um ocupante, passageiros se imprensam em pé no Benedito-Iguatemi
terminal Frei Damião. Enquanto o motorista do ônibus dá um trancão no
carroceiro, um caminhão para em área proibida e um motoboy xinga o taxista que
muda de faixa sem dar sinal, em alta velocidade.
Buzinadas, palavrões e ameaças fazem a rotina
do trânsito maceioense. É o caos. Da Avenida Fernandes Lima à principal do
Jacintinho, do Centro à Ponta Verde, sempre tem alguma barbeiragem pelas ruas
mal projetadas e com pouca fiscalização. Para checar a quantas anda o nosso
trânsito, a Gazeta resolveu dar uma volta em alguns pontos nevrálgicos da
cidade. Bastaram cerca de quatro horas para identificar “quilômetros” de
irregularidades, “esquinas” de intolerância e “desvios” de inoperância dos
homens com poderes para fazer alguma coisa.
O “engavetamento” de flagrantes contra as leis
de trânsito começou a ser registrado pelo Centro. As placas de proibido parar e
estacionar não servem de nada, diante de dezenas de carros postados na Rua
Barão de Maceió, quase em frente à Santa Casa.
ACESSIBILIDADE.
Engenheira de tráfego aponta alternativa
SOLUÇÃO PASSA PELO
TRANSPORTE DE MASSA
Por: MAURÍCIO
GONÇALVES - REPÓRTER
A engenheira de
tráfego Rosineide Honorato atribui o caos à inoperância ou ausência de fiscalização,
planejamento ineficaz, aumento da frota e falta de investimento no transporte
coletivo de massa. É uma equação simples de enxergar, mas difícil de resolver.
“Enquanto o número de veículos e condutores aumenta, de uma forma muito rápida,
o nosso sistema viário não cresce na mesma proporção”.
Mas não é só isso. Depende de planejamento,
regulamentação e políticas públicas. Por exemplo: “Em outros países, você só
pode adquirir um carro se comprovar que tem um local para guardá-lo”, cita a
engenheira. Há toda uma filosofia de consumo, com financiamentos que facilitam
a aquisição de um carro, quadriciclo ou uma cinquentinha. Além do excesso de
carros e motos, o tamanho dos veículos não para de crescer. “Antes, você tinha
fuscas; hoje, são carrões de padrão americano, as SUVs, picapes, sedans”.
A engenheira critica a falta de fiscalização,
tanto do município como do Estado. “Se sabemos que o aumento dos acidentes se
deve à velocidade, é preciso localizar os corredores onde há mais velocidade e
reduzi-la. A fiscalização humana é importante, mas é crucial implantar
equipamentos eletrônicos”, sugere.
RESPONSABILIZAÇÃO.
Rodoviário atribui caos à SMTT
DESORGANIZAÇÃO ELEVA NÚMERO
DE ACIDENTES
Por: MAURÍCIO
GONÇALVES - REPÓRTER
O presidente do
Sindicato dos Rodoviários, Écio Marques, é mais direto nas críticas. “Atribuo o
caos no trânsito à desorganização e falta de compromisso da Superintendência
Municipal de Transporte e Trânsito [SMTT]. Falta vontade de querer trabalhar,
parece que não tem um engenheiro de trânsito em Maceió. Aí, ficam iludindo a
população com a licitação dos ônibus, mas não é a licitação que vai resolver,
ela só vai regularizar o serviço para os empresários de transporte”.
Para o sindicalista, o município deveria, pelo
menos, criar um corredor de transporte exclusivo nas avenidas Fernandes Lima e
Durval de Góes Monteiro. “Já ia minimizar o sofrimento dos usuários e de toda a
sociedade”.
Écio também aponta a falta de critérios para a
permissão de um número excessivo de praças de táxis. “Em Atalaia, tem 200
táxis; em Coqueiro Seco ,tem 100 táxis. Eles estão rodando onde? Não há
fiscalização para o transporte clandestino, é uma desmoralização muito grande e
só aumenta o número de carros na cidade”.
RESPONSABILIZAÇÃO.
Rodoviário atribui caos à SMTT
DESORGANIZAÇÃO ELEVA NÚMERO
DE ACIDENTES
Por: MAURÍCIO
GONÇALVES - REPÓRTER
O presidente do
Sindicato dos Rodoviários, Écio Marques, é mais direto nas críticas. “Atribuo o
caos no trânsito à desorganização e falta de compromisso da Superintendência
Municipal de Transporte e Trânsito [SMTT]. Falta vontade de querer trabalhar,
parece que não tem um engenheiro de trânsito em Maceió. Aí, ficam iludindo a
população com a licitação dos ônibus, mas não é a licitação que vai resolver,
ela só vai regularizar o serviço para os empresários de transporte”.
Para o sindicalista, o município deveria, pelo
menos, criar um corredor de transporte exclusivo nas avenidas Fernandes Lima e
Durval de Góes Monteiro. “Já ia minimizar o sofrimento dos usuários e de toda a
sociedade”.
Écio também aponta a falta de critérios para a
permissão de um número excessivo de praças de táxis. “Em Atalaia, tem 200
táxis; em Coqueiro Seco ,tem 100 táxis. Eles estão rodando onde? Não há
fiscalização para o transporte clandestino, é uma desmoralização muito grande e
só aumenta o número de carros na cidade”.
PROBLEMAS O TEMPO INTEIRO
Em cerca de uma hora
de entrevista por telefone, um dos responsáveis pela administração do tráfego
em Maceió elencou os pontos mais críticos e lembrou uma série de medidas
adotadas. José Moura afirma que a cidade sofre, hoje, com a falta do
planejamento que deveria ter acontecido há 30 anos.
Mesmo assim, ainda não se planeja nada, e as
próximas gerações vão sofrer com a falta de projetos que deveriam ser postos em
prática desde já. A seguir, alguns trechos da entrevista.
Transporte coletivo
As pessoas pensam que a solução para o
trânsito pode ser imediata, mas ninguém vai conseguir isso. Deve ser a médio e
longo prazo, com a melhora do transporte coletivo. Não adianta viver de medidas
paliativas, a frota cresce, todo mês entram de 1.600 a 1.700 carros novos em
Maceió.
Intervenções
A gente atua com medidas emergenciais o tempo
todo, mas as pessoas não se lembram dos problemas resolvidos. Pense em como
estaria o trânsito hoje sem o viaduto da Mangabeiras, as passagens de nível do
Farol, os contornos de quadra da Fernandes Lima, a alça viária da Íris
Alagoense, a criação de binários como na João Davino e na Álvaro Calheiros, a
instalação de vias de mão única na Jatiúca e Ponta Verde. Acabou aquele nó da
Secos e Molhados na Álvaro Calheiros, o da Thomaz Espíndola com a D. Antônio
Brandão, mas surgem novos problemas o tempo todo. LM
TRANSPORTADORES
IRREGULARES. Já seriam mais de 800 veículos rodando por quase toda a cidade
CLANDESTINOS TOMAM AS RUAS
Por: LELO MACENA -
REPÓRTER
Chamados de
milicianos, comparados na forma de agir a mafiosos do jogo do bicho e até a
traficantes de drogas pelo ex-superintendente da SMTT, delegado federal José
Pinto de Luna, os transportadores clandestinos seguem em plena atividade nas
ruas de Maceió. Já são mais de 800 veículos rodando por quase todos os bairros
da cidade. São carros pequenos, de placas cinza, alguns com praça, outros
maiores, estilo Doblô. Caíram no gosto da população e chegam a transportar, por
dia, mais de 10 mil pessoas, ao preço de R$ 2,50 por cabeça.
Recentemente, esses transportadores se
envolveram em um dos protestos mais violentos promovidos por uma “categoria” na
cidade. Após a apreensão de um veículo Doblô que fazia lotação na linha Village
Campestre, eles enfrentaram os fiscais da Superintendência Municipal de
Transportes e Trânsito (SMTT), tombaram uma viatura e liberaram o veículo e os
documentos do condutor na base da pressão e intimidação.
“POPULAÇÃO É CARENTE DE
TRANSPORTE PÚBLICO”
O ex-supervisor de
vendas Márcio Pinho vendeu uma casa para comprar, segundo ele, o Fiat Doblô que
usa para transportar passageiros. Ele estava presente no protesto em que o
veículo da SMTT foi atacado por manifestantes.
“Aquilo que aconteceu foi um desabafo, um ato
de defesa nosso contra essa fiscalização da SMTT. Cansamos de pedir uma reunião
com eles, mas nunca fomos recebidos. Se nós tivéssemos dinheiro, como os
empresários de ônibus, talvez nos recebessem”, diz Márcio Pinho, um dos
representantes dos mais de 800 transportadores tidos como irregulares pela
SMTT.
Segundo ele, a categoria está se organizando e
vai buscar a legalização. “Já estamos nos reunindo. Eu pretendo ser o
representante. Queremos fazer uma coisa planejada e certa. Vamos mandar uma
proposta para a Câmara de Vereadores; se eles não quiserem fazer, aí vamos ver
no que vai dar”, disse Pinho. LM
DEMANDA CRESCENTE.
Donos de veículos se
organizam para formar associação
PASSAGEIROS APROVAM
ALTERNATIVA
Por: LELO MACENA -
REPÓRTER
No Centro da cidade,
são mais de 30 veículos que fazem a “linha” Medeiros Neto, Bebedouro e
adjacências. O movimento de passageiros é grande. Todos querem fugir da demora
e do incômodo dos coletivos lotados. De um estacionamento improvisado na Rua
Augusta, a popular Rua das Árvores, as lotações saem e chegam. Muitas vezes, o
fluxo da rua é interrompido para a manobra das lotações.
“Eu sou usuário desse tipo de transporte. Pela
manhã, se pegar um ônibus, chego atrasado. Por isso, prefiro os carros
pequenos”, afirma o funcionário público Vanderley Mariano, morador do
Tabuleiro, na parte alta da cidade. “Prefiro pagar
R$ 0,40 a mais,
andar sentado, no conforto, e chegar ao trabalho no horário”, completa
Vanderley, enquanto espera para entrar no carro que vai transportá-lo de volta
para casa no fim da tarde.
TRANSPORTADORES
IRREGULARES. Já seriam mais de 800 veículos rodando por quase toda a cidade
CLANDESTINOS TOMAM AS RUAS
Por: LELO MACENA -
REPÓRTER
Chamados de
milicianos, comparados na forma de agir a mafiosos do jogo do bicho e até a
traficantes de drogas pelo ex-superintendente da SMTT, delegado federal José
Pinto de Luna, os transportadores clandestinos seguem em plena atividade nas
ruas de Maceió. Já são mais de 800 veículos rodando por quase todos os bairros
da cidade. São carros pequenos, de placas cinza, alguns com praça, outros maiores,
estilo Doblô. Caíram no gosto da população e chegam a transportar, por dia,
mais de 10 mil pessoas, ao preço de R$ 2,50 por cabeça.
Recentemente, esses transportadores se
envolveram em um dos protestos mais violentos promovidos por uma “categoria” na
cidade. Após a apreensão de um veículo Doblô que fazia lotação na linha Village
Campestre, eles enfrentaram os fiscais da Superintendência Municipal de
Transportes e Trânsito (SMTT), tombaram uma viatura e liberaram o veículo e os
documentos do condutor na base da pressão e intimidação.
SMTT PROMETE INTENSIFICAR A FISCALIZAÇÃO
Há menos de uma semana no cargo, o novo superintendente da
SMTT, Ranilson Campos, substituto de José Pinto de Luna, chega ao órgão de
trânsito municipal em momento turbulento. Na última sexta-feira, após uma
reunião com assessores, ele concedeu breve entrevista à reportagem da Gazeta.
“Estou aqui há 4 dias,
ainda tomando pé da situação”, disse. Ele se mostrou preocupado e atento aos
últimos acontecimentos na SMTT. “Não é com enfrentamento que vamos resolver o
problema dos transportadores clandestinos. Tivemos um carro danificado. Aquilo
é dinheiro público que vamos gastar para consertar”, disse, ao se referir ao
embate travado no último dia 11.
Com tranquilidade, mas com firmeza, mostrou que não vai abrir
mão de aplicar a lei. “Trata-se de um transporte ilegal e a lei tem de ser
cumprida”, disse Ranilson Campos, ao informar que a fiscalização deve ser
intensificada nos próximos dias. Os mototaxistas também serão fiscalizados. LM
Leia mais na versão impressa
Por: MAURÍCIO
GONÇALVES – REPÓRTER
Domingo, 22 de
janeiro de 2012
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