terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Bandeira 2 representa 13º salário para taxistas



RENDA EXTRA.

Bandeirada sobe 20%, passando para R$ 2,25

Bandeira 2 representa 13º salário para taxistas

O Presidente do Sindicato dos Taxistas de Alagoas, Ubiraci Correia: "Parte considerável do faturamento vem do crescimento da demanda nas vésperas de natal e ano novo".

Até o dia 6 de janeiro, categoria tem autorização para reajuste

Os 3.050 taxistas com autorização para circular em Maceió têm até o próximo dia 6 de janeiro para incrementar seu faturamento e garantir rendimento extra, ou 13º salário. É que, até lá, eles têm autorização legal para cobrar R$ 2,25 pela bandeirada, 20% acima do valor tradicional, R$ 1,81.

“É neste período que o taxista trabalha dobrado e tenta garantir aquele reforço de fim de ano”, comenta Ubiraci Correia, atual presidente do Sindicato dos Taxistas de Alagoas. “Parte considerável deste faturamento vem do crescimento da demanda nas vésperas de Natal e Ano Novo”, completa.

BANDEIRADA

Os profissionais taxistas batizaram o reajuste de fim de ano de “bandeira 2”. Trata-se da cobrança por cada quilômetro percorrido, mais a soma de R$ 3,30 que é cobrada quando o cliente senta no banco do automóvel que o levará a quaisquer pontos da cidade, 24 horas por dia, inclusive feriados.

O reajuste temporário no valor de cada quilômetro percorrido em Maceió é o mesmo cobrado em Arapiraca, cidade que mais cresce no interior do Estado e onde há 302 taxistas legalizados. No interior ou na capital, os profissionais também se beneficiam de uma demanda pouco comum.

PARADA

“Como há poucos taxis para atender aos pedidos neste período de fim de ano, muitos clientes pegam para que o automóvel fique parado uma, duas, ate três horas”, comenta o presidente do sindicato. Cada hora parada com taxímetro ligado custa R$ 11, mas há quem ache o valor reduzido.

Isso porque, em uma hora de circulação, é possível faturar até três vezes acima dos minguados R$ 11. “certa vez, fiquei quase um dia parado a espera do cliente, que resolvia compromissos particulares e não sabia a que horas seguiria viagem”, recorda Ubiraci.

Faturamento pode chegar a R$ 500 ao dia

Em casos onde o cliente demora para resolver o problema, boa parte dos profissionais prefere assumir o compromisso de retornar ao local e pegar o cliente que pagaria para que o condutor estivesse parado e à sua disposição. “Numa hora de circulação, é possível faturar até duas vezes mais atendendo à clientela em pontos diversos da cidade.

E quanto um taxista fatura num dia de muito movimento? Ubiraci faz as contas e explica ser possível conseguir faturamento de até R$ 500 com um veículo que esteja sendo utilizado 24 horas. Justifica-se: proprietários de táxis costumam trabalhar com um ou dois auxiliares, que são locatários do automóvel.

Cada um deles, explica Ubiraci, paga ao proprietário diária que varia entre R$ 50 e R$ 70, além de ter que devolver o tanque do automóvel com a mesma quantidade de combustível quando de seu recebimento. “Mesmo assim, o profissional consegue livrar (faturar) mais de R$ 118 por dia”, completa Ubiraci.

Clandestinos prejudicam negócios

FRASE:

Ubiraci Correia - Presidente do Sindicato dos Taxistas - "O descontrole é imenso por parte das autoridades. Não ha fiscalização capaz de coibir tanto carro pirata cobrando qualquer valor pela corrida".

Os integrantes da diretoria do Sindicato dos Taxistas de Alagoas afirmam que, embora haja crescimento da demanda pelos serviços da categoria no mês de dezembro, o faturamento médio de cada profissional tende a ser 20% inferior ao registrado em anos anteriores, por causa da proliferação do transporte clandestino.

Ou seja: a bandeirada com valor reajustado garante acréscimo do rendimento, mas este poderia ser maior. Não é, na visão dos sindicalistas, porque há profissionais disputando espaço, em pontos estratégicos da cidade, com taxistas “piratas” ou clandestinos, além, é claro, dos mototaxistas, que “pipocam” em toda a capital.

“O descontrole é imenso por parte das autoridades. Não há fiscalização capaz de coibir tanto carro pirata cobrando qualquer valor pela corrida”, queixa-se Ubiraci Correia, profissional taxista que atua na capital há duas décadas. “Comecei a trabalhar com uma Brasília com pneus recauchutados (renovados)”, lembra.

Ubiraci recorda que trabalhou mais de quinze anos cobrando pelas corridas de acordo com a marcação no taxímetro. Vieram, então, os clandestinos, que não usam taxímetro e passaram a negociar valores quaisquer pelas corridas entre os bairros do município. Resultado: os legalizado precisaram ser mais flexíveis.

Muitas vezes, explica o presidente, o passageiro entra no taxi e já avisa de seu interesse em negociar de forma antecipada um valor para chegar a determinado ponto da cidade, ao invés de se submeter aos números exibidos pelo contador. “É pegar ou largar, na maioria das vezes”, complementa.

A precária fiscalização também contribui para o surgimento de outras categorias de transportadores, a dos moto taxistas. Estes, por sua vez, cobram “valores irrisórios” para transporte de passageiros em curta distancia, facilitando a vida da população de baixa renda e minando o faturamento dos taxistas.

“Os que trabalham de forma independente, como é o meu caso, são os que mais sofrem com a concorrência clandestina. A gente sente no bolso o que significa pagar imposto e ter que disputar cliente com quem atua a margem da legislação”, comenta Gilson Gomes, presidente da Associação dos Taxistas de Maceió.

No ramo há 11 anos, Gilson começou  a transportar passageiros pelas ruas de Maceió com um “confortável” Fiat Tempra comprado com objetivo o diferencial dentre os concorrentes da época. “hoje a moda é fazer acordo e combinar preço, principalmente quando a viagem é longa” ressalta o profissional.


O Presidente da Associação dos Taxistas de Maceió, Gilson Gomes: "Hoje a moda é fazer acordo e combinar preço, principalmente quando a viagem é longa".


Prestação de serviços é alternativa

Uma alternativa à queda de faturamento dos profissionais que atuam de forma autônoma é a prestação de serviço em parceria com as empresas que detêm concessão estatal para utilização de frequência de transmissão de rádio, por meio da qual o taxista recebe orientação sobre o cliente que o espera em local e horário agendados.

“A grande vantagem desta modalidade é ter cliente certo de manhã, de tarde e à noite. A desvantagem, ao meu ver, são as taxas que você precisa pagar para o dono do negócio”, analista o autônomo Gilson Gomes, segundo o qual há profissional que paga até R$ 300 por mês para dispor do serviço de captação de clientes.

Seu funcionamento é simples. Depois de conseguir junto à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) a concessão para implantação do sistema de transmissão de rádio, o dono do negócio contrata entre dois e oito funcionários para se revezar no atendimento à clientela por meio do sistema telefônico.


Os atendentes recepcionam as solicitações e as repassam, em poucos minutos, aos profissionais que pagam aluguel do aparelho receptor da freqüência radiofônica. Estes por sua vez, vão ao encontro do cliente em qualquer ponto da cidade, mas já sabendo o trajeto a ser percorrido e o valor da corrida.

ASSOCIADOS

Algumas das centrais em funcionamento na capital tem entre 150 e 300 carros associados. Muitos destes negócios tem faturamento mensal acima de R$ 50.000. Descontados os valores referente a folha salarial e encargos trabalhistas de funcionários. Pode-se lucrar R$ 30.000 mensais.

Setor reconhece vantagens da parceria

A reportagem fez contatos com alguns assessores dos donos destas centrais, na tentativa de mostrar como seus negócios são gerenciados, mas não recebeu resposta positiva quanto às solicitações de entrevista. Taxistas ouvidos pela reportagem, mas que não quiseram se identificar, reconhecem as vantagens da parceria.

“Você paga pela utilização do equipamento de rádio e para dispor da imensa relação de clientes cadastrados pelo pessoal da central. Ou seja, a gente não precisa cadastrar clientes. Estes já estão nos computadores da central e são atraídas 24 horas por dia, todos os dias, pelas promoções e pelos descontos”, explicou um deles.

Pelo menos 20 empresas privadas atuam neste ramo em Maceió. Disputam a fidelidade da clientela, oferecendo descontos que variam entre 10% e 20%. Na prática, quem concede a redução no preço é o dono do táxi, que geralmente leva um passageiro e, no regresso, consegue outro para elevar seu faturamento.

CELULAR

Nem todas as empresas de radio. Algumas poucas se comunicam por meio de telefone móvel. Dados do Sindicato dos Taxistas do Estado de Alagoas indicam que há pelo menos 16 freqüências de rádios autorizadas pelo governo federal para receber e transmitir mensagens no município de Maceió

Com uma frota de 3.050 taxis, a capital alagoana disponibiliza o serviço por meio de motoristas que trabalham individualmente ou elo sistema de cooperativas

Vantagens. Cooperados rateiam parte do apurado ao longo do ano

Cooperativa tem 30 mil clientes cadastrados

No princípio, a idéia pioneira de unir, em Maceió, 30 taxistas numa cooperativa que atenderia à clientela por meio do telefone fixo parecia ser inviável. Parecia. 24 anos depois da fundação da cooperativa, batizada simplesmente de Tele Táxi, prosperou. Rendeu frutos, rendimentos, e atraiu milhares de clientes.

FRASE:

Roberval Dantas – Presidente da Tele Taxi – “Felizmente, cada um dos nossos cooperados tem faturamento médio de R$ 3 mil por mês”

Atualmente, 140 profissionais circulam pelas ruas da capital ostentando o adesivo – e pondo em prática a filosofia da cooperativa –, na tentativa de prestar serviço adequado aos 30.000 clientes cadastrados no banco de dados da empresa, que tem sede própria no bairro do Feitosa.

Ao contrário do negócio privado, em que somente o dono lucra com a prestação do serviço, na cooperativa tudo é compartilhado: despesas de manutenção e pagamento dos salários de funcionários. Ao término de cada ano, os cooperados também rateiam parte do apurado ao longo dos 12 meses de arrecadação.

R$ 5 mil chega a ser o rendimento dos profissionais que trabalham alem do horário comercial em Maceió.

“Felizmente, cada um de nossos cooperados tem faturamento médio de R$ 3.000 por mês. Outros trabalham além do horário comercial, e assim conseguem elevar seu rendimento para até R$ 5.000”, observa o taxista Roberval da Silva Dantas, atual presidente da primeira cooperativa de taxistas de Alagoas.

RESISTÊNCIA

Ele recorda que, nos primeiros meses de funcionamento da cooperativa, a clientela desconfiava da novidade que eles tentavam fazer tradição: receber o pedido do cliente e buscá-lo em domicilio ou então num lugar indicado qualquer. “Havia muita resistência. E muita desconfiança também”, recorda.

Aos poucos, os cooperados foram “vendendo” a imagem de que o diferencial do negocio estava centrado não apenas no conforto dos automóveis, mas sim na segurança. Ou seja: o cliente deixava de levantar o braço para tomar um taxi qualquer e passava a contar com os serviços de um profissional cadastrado.

Alguns anos depois, a idéia exitosa foi adaptada por outros grupos de taxistas, razão pela qual houve necessidade de oferta de desconto. Hoje fixado em 20% para cada corrida. Os 140 profissionais cooperados se esforçaram para atender as 1.200 solicitações diárias de viagem entre os bairros de Maceió.

R$ 3 mil é o faturamento médio de cada um dos cooperados, que trabalham apenas em horário comercial, por meio de tele taxi.


Central de atendimento faz a diferença

A sorridente Sueli Bittencourt trabalha há 17 anos atendendo à clientela da Tele Táxi. Em média, viabiliza 200 pedidos por dia aos clientes que telefonam à cooperativa. Conta com o auxílio do cadastro digitalizado para atender com rapidez à demanda da clientela, que é sempre muito exigente.

“Cliente geralmente é muito apressado também. Nossa missão é recepcionar o pedido e direcioná-lo aos taxistas da cooperativa o mais rápido possível”, comentava Sueli, na tarde da última quarta-feira, enquanto consultava os dados referentes a uma cliente residente num dos bairros da orla marítima.

O sucesso de qualquer negócio depende da conexão com os anseios da dos clientes. Na cooperativa, não seria diferente. “Há passageiro que tem preferência pela viagem num determinado tipo de automóvel. Direcionamos a corrida ao profissional cujo equipamento se encaixa na preferência do cliente”, comenta.

Meire barros, funcionaria da cooperativa há sete anos, explica que o “cliente é o dono do negocio e razão maior de sua existência”. A Gazeta, confessa que trabalhar como recepcionista na cooperativa requer muita paciência e muito bom humor no atendimento aos pedidos de toda cidade.

FAMÍLIA

“A gente acaba tratando a clientela como se fosse de nossa família. A relação de cordialidade é fundamental para a qualidade de nosso trabalho”, explica Meire. E quando o taxista não chega a temo ou não encontra o passageiro no lugar previamente agendado em contato com a central?

                                                      Meire Barros

Ai, Cris Alcântara entra em cena. Sua missão: telefonar para o cliente e avisá-lo de que o taxista chegou ou não encontrou o passageiro. “A central de atendimento é o coração da cooperativa. O atendimento bem feito rende frutos em toda cadeia de prestação de serviços”

Convênios rendem R$ 80 mil mensais

Além do cliente pessoa física, a cooperativa fechou negócio com empresas públicas e privadas que dependem do serviço de transporte de funcionários ou documentos para resolver suas pendências burocráticas. Atualmente, são 30 os convênios em vigor, que rendem em torno de R$ 80.000 mensais.

Ao transportar, por exemplo, o funcionário de uma associação de servidores federais, o taxista emite uma nota contendo o valor do serviço e, depois da assinatura do passageiro, leva a segunda via à sede da cooperativa. A conveniada paga pelo serviço em até 45 dias, mas o cooperado recebe 15 dias depois.

“A gente antecipa os pagamentos de acordo com a disponibilidade de recursos no caixa da cooperativa. Eis uma das vantagens de se trabalhar de forma cooperada”, avalia Roberval Dantas, segundo o qual cada um dos integrantes do grupo desconta 11% de INSS para ter direito à aposentadoria no futuro.

PORTARIA

No inicio do mês, o judiciário julgou procedente a ação direta de inconstitucionalidade proposta pelo ministério publico estadual contra a lei do município de Maceió que autoriza a comercialização da permissão para o uso de serviço de taxi, conhecido como “praça”.

Desde então, ficou terminantemente proibida a negociação. “As “praças” também não podem servir como “espolio” de herança familiar, conforme divulgado pelo Ministério Público. A decisão pôs fim a pratica da venda e revenda de permissões para exploração do serviço.

VALORES

Apurou a Gazeta que oscilava entre R$ 50.000 e R$ 70.000 o valor cobrado pela transferência (venda) de alvarás.

Leia mais na versão impressa

18 de Dezembro de 2011

Por: MAIKEL MARQUES – REPÓRTER

Fonte:

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http://gazetaweb.globo.com/gazetadealagoas/noticia.php?c=193686



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