RENDA EXTRA.
Bandeirada sobe 20%, passando para R$ 2,25
Bandeira 2 representa 13º salário para taxistas
O Presidente do Sindicato dos Taxistas de Alagoas, Ubiraci Correia: "Parte considerável do faturamento vem do crescimento da demanda nas vésperas de natal e ano novo".
Até o dia 6 de janeiro, categoria tem autorização para
reajuste
Os 3.050 taxistas com autorização para circular em Maceió têm
até o próximo dia 6 de janeiro para incrementar seu faturamento e garantir
rendimento extra, ou 13º salário. É que, até lá, eles têm autorização legal
para cobrar R$ 2,25 pela bandeirada, 20% acima do valor tradicional, R$ 1,81.
“É neste período que o
taxista trabalha dobrado e tenta garantir aquele reforço de fim de ano”, comenta Ubiraci Correia, atual
presidente do Sindicato dos Taxistas de Alagoas. “Parte considerável deste faturamento vem do crescimento da demanda nas
vésperas de Natal e Ano Novo”, completa.
BANDEIRADA
Os profissionais taxistas batizaram o reajuste de fim de ano
de “bandeira 2”. Trata-se da
cobrança por cada quilômetro percorrido, mais a soma de R$ 3,30 que é cobrada
quando o cliente senta no banco do automóvel que o levará a quaisquer pontos da
cidade, 24 horas por dia, inclusive feriados.
O reajuste temporário no valor de cada quilômetro percorrido
em Maceió é o mesmo cobrado em Arapiraca, cidade que mais cresce no interior do
Estado e onde há 302 taxistas legalizados. No interior ou na capital, os
profissionais também se beneficiam de uma demanda pouco comum.
PARADA
“Como há poucos taxis
para atender aos pedidos neste período de fim de ano, muitos clientes pegam
para que o automóvel fique parado uma, duas, ate três horas”, comenta o presidente do sindicato.
Cada hora parada com taxímetro ligado custa R$ 11, mas há quem ache o valor
reduzido.
Isso porque, em uma hora de circulação, é possível faturar
até três vezes acima dos minguados R$ 11. “certa
vez, fiquei quase um dia parado a espera do cliente, que resolvia compromissos
particulares e não sabia a que horas seguiria viagem”, recorda Ubiraci.
Faturamento pode chegar a R$ 500 ao dia
Em casos onde o cliente demora para resolver o problema, boa
parte dos profissionais prefere assumir o compromisso de retornar ao local e
pegar o cliente que pagaria para que o condutor estivesse parado e à sua
disposição. “Numa hora de circulação, é possível faturar até duas vezes mais
atendendo à clientela em pontos diversos da cidade.
E quanto um taxista fatura num dia de muito movimento?
Ubiraci faz as contas e explica ser possível conseguir faturamento de até R$
500 com um veículo que esteja sendo utilizado 24 horas. Justifica-se:
proprietários de táxis costumam trabalhar com um ou dois auxiliares, que são
locatários do automóvel.
Cada um deles, explica Ubiraci, paga ao proprietário diária
que varia entre R$ 50 e R$ 70, além de ter que devolver o tanque do automóvel
com a mesma quantidade de combustível quando de seu recebimento. “Mesmo assim, o profissional consegue
livrar (faturar) mais de R$ 118 por dia”, completa Ubiraci.
Clandestinos prejudicam negócios
FRASE:
Ubiraci Correia - Presidente do Sindicato dos Taxistas - "O descontrole é imenso por parte das autoridades. Não ha fiscalização capaz de coibir tanto carro pirata cobrando qualquer valor pela corrida".
Os integrantes da diretoria do Sindicato dos Taxistas de
Alagoas afirmam que, embora haja crescimento da demanda pelos serviços da
categoria no mês de dezembro, o faturamento médio de cada profissional tende a
ser 20% inferior ao registrado em anos anteriores, por causa da proliferação do
transporte clandestino.
Ou seja: a bandeirada com valor reajustado garante acréscimo
do rendimento, mas este poderia ser maior. Não é, na visão dos sindicalistas,
porque há profissionais disputando espaço, em pontos estratégicos da cidade,
com taxistas “piratas” ou
clandestinos, além, é claro, dos mototaxistas, que “pipocam” em toda a capital.
“O descontrole é imenso por parte das autoridades. Não há
fiscalização capaz de coibir tanto carro pirata cobrando qualquer valor pela
corrida”, queixa-se Ubiraci Correia, profissional taxista que atua na capital
há duas décadas. “Comecei a trabalhar
com uma Brasília com pneus recauchutados (renovados)”, lembra.
Ubiraci recorda que trabalhou mais de quinze anos cobrando
pelas corridas de acordo com a marcação no taxímetro. Vieram, então, os
clandestinos, que não usam taxímetro e passaram a negociar valores quaisquer
pelas corridas entre os bairros do município. Resultado: os legalizado
precisaram ser mais flexíveis.
Muitas vezes, explica o presidente, o passageiro entra no
taxi e já avisa de seu interesse em negociar de forma antecipada um valor para
chegar a determinado ponto da cidade, ao invés de se submeter aos números
exibidos pelo contador. “É pegar ou
largar, na maioria das vezes”, complementa.
A precária fiscalização também contribui para o surgimento de
outras categorias de transportadores, a dos moto taxistas. Estes, por sua vez,
cobram “valores irrisórios” para transporte de passageiros em curta distancia,
facilitando a vida da população de baixa renda e minando o faturamento dos
taxistas.
“Os que trabalham de
forma independente, como é o meu caso, são os que mais sofrem com a
concorrência clandestina. A gente sente no bolso o que significa pagar imposto
e ter que disputar cliente com quem atua a margem da legislação”, comenta Gilson Gomes, presidente da
Associação dos Taxistas de Maceió.
No ramo há 11 anos, Gilson começou a transportar passageiros pelas ruas de
Maceió com um “confortável” Fiat
Tempra comprado com objetivo o diferencial dentre os concorrentes da época. “hoje a moda é fazer acordo e combinar
preço, principalmente quando a viagem é longa” ressalta o profissional.
O Presidente da Associação dos Taxistas de Maceió, Gilson Gomes: "Hoje a moda é fazer acordo e combinar preço, principalmente quando a viagem é longa".
Prestação de serviços é alternativa
Uma alternativa à queda de faturamento dos profissionais que
atuam de forma autônoma é a prestação de serviço em parceria com as empresas
que detêm concessão estatal para utilização de frequência de transmissão de
rádio, por meio da qual o taxista recebe orientação sobre o cliente que o
espera em local e horário agendados.
“A grande vantagem desta modalidade é ter cliente certo de
manhã, de tarde e à noite. A desvantagem, ao meu ver, são as taxas que você
precisa pagar para o dono do negócio”, analista o autônomo Gilson Gomes,
segundo o qual há profissional que paga até R$ 300 por mês para dispor do
serviço de captação de clientes.
Seu funcionamento é simples. Depois de conseguir junto à
Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) a concessão para implantação do
sistema de transmissão de rádio, o dono do negócio contrata entre dois e oito
funcionários para se revezar no atendimento à clientela por meio do sistema
telefônico.
Os atendentes recepcionam as solicitações e as repassam, em
poucos minutos, aos profissionais que pagam aluguel do aparelho receptor da freqüência
radiofônica. Estes por sua vez, vão ao encontro do cliente em qualquer ponto da
cidade, mas já sabendo o trajeto a ser percorrido e o valor da corrida.
ASSOCIADOS
Algumas das centrais em funcionamento na capital tem entre
150 e 300 carros associados. Muitos destes negócios tem faturamento mensal
acima de R$ 50.000. Descontados os valores referente a folha salarial e
encargos trabalhistas de funcionários. Pode-se lucrar R$ 30.000 mensais.
Setor reconhece vantagens da parceria
A reportagem fez contatos com alguns assessores dos donos
destas centrais, na tentativa de mostrar como seus negócios são gerenciados,
mas não recebeu resposta positiva quanto às solicitações de entrevista.
Taxistas ouvidos pela reportagem, mas que não quiseram se identificar,
reconhecem as vantagens da parceria.
“Você paga pela utilização do equipamento de rádio e para
dispor da imensa relação de clientes cadastrados pelo pessoal da central. Ou
seja, a gente não precisa cadastrar clientes. Estes já estão nos computadores
da central e são atraídas 24 horas por dia, todos os dias, pelas promoções e
pelos descontos”, explicou um deles.
Pelo menos 20 empresas privadas atuam neste ramo em Maceió.
Disputam a fidelidade da clientela, oferecendo descontos que variam entre 10% e
20%. Na prática, quem concede a redução no preço é o dono do táxi, que
geralmente leva um passageiro e, no regresso, consegue outro para elevar seu
faturamento.
CELULAR
Nem todas as empresas de radio. Algumas poucas se comunicam
por meio de telefone móvel. Dados do Sindicato dos Taxistas do Estado de
Alagoas indicam que há pelo menos 16 freqüências de rádios autorizadas pelo
governo federal para receber e transmitir mensagens no município de Maceió
Com uma frota de
3.050 taxis, a capital alagoana disponibiliza o serviço por meio de motoristas
que trabalham individualmente ou elo sistema de cooperativas
Vantagens. Cooperados rateiam parte do apurado
ao longo do ano
Cooperativa tem 30 mil clientes cadastrados
No princípio, a idéia pioneira de unir, em Maceió, 30
taxistas numa cooperativa que atenderia à clientela por meio do telefone fixo
parecia ser inviável. Parecia. 24 anos depois da fundação da cooperativa,
batizada simplesmente de Tele Táxi, prosperou. Rendeu frutos, rendimentos, e
atraiu milhares de clientes.
FRASE:
Roberval
Dantas – Presidente da Tele Taxi – “Felizmente, cada um dos nossos cooperados
tem faturamento médio de R$ 3 mil por mês”
Atualmente, 140 profissionais circulam pelas ruas da capital
ostentando o adesivo – e pondo em prática a filosofia da cooperativa –, na
tentativa de prestar serviço adequado aos 30.000 clientes cadastrados no banco
de dados da empresa, que tem sede própria no bairro do Feitosa.
Ao contrário do negócio privado, em que somente o dono lucra
com a prestação do serviço, na cooperativa tudo é compartilhado: despesas de
manutenção e pagamento dos salários de funcionários. Ao término de cada ano, os
cooperados também rateiam parte do apurado ao longo dos 12 meses de
arrecadação.
R$
5 mil chega a ser o rendimento dos profissionais que trabalham alem do horário comercial
em Maceió.
“Felizmente, cada um de nossos cooperados tem faturamento
médio de R$ 3.000 por mês. Outros trabalham além do horário comercial, e assim conseguem
elevar seu rendimento para até R$ 5.000”, observa o taxista Roberval da Silva
Dantas, atual presidente da primeira cooperativa de taxistas de Alagoas.
RESISTÊNCIA
Ele recorda que, nos primeiros meses de funcionamento da
cooperativa, a clientela desconfiava da novidade que eles tentavam fazer
tradição: receber o pedido do cliente e buscá-lo em domicilio ou então num
lugar indicado qualquer. “Havia muita resistência. E muita desconfiança também”,
recorda.
Aos poucos, os cooperados foram “vendendo” a imagem de que o
diferencial do negocio estava centrado não apenas no conforto dos automóveis,
mas sim na segurança. Ou seja: o cliente deixava de levantar o braço para tomar
um taxi qualquer e passava a contar com os serviços de um profissional
cadastrado.
Alguns anos depois, a idéia exitosa foi adaptada por outros
grupos de taxistas, razão pela qual houve necessidade de oferta de desconto. Hoje
fixado em 20% para cada corrida. Os 140 profissionais cooperados se esforçaram
para atender as 1.200 solicitações diárias de viagem entre os bairros de Maceió.
R$
3 mil é o faturamento médio de cada um dos cooperados, que trabalham apenas em horário
comercial, por meio de tele taxi.
Central de atendimento faz a diferença
A sorridente Sueli Bittencourt trabalha há 17 anos atendendo
à clientela da Tele Táxi. Em média, viabiliza 200 pedidos por dia aos clientes
que telefonam à cooperativa. Conta com o auxílio do cadastro digitalizado para
atender com rapidez à demanda da clientela, que é sempre muito exigente.
“Cliente geralmente é muito apressado também. Nossa missão é
recepcionar o pedido e direcioná-lo aos taxistas da cooperativa o mais rápido
possível”, comentava Sueli, na tarde da última quarta-feira, enquanto
consultava os dados referentes a uma cliente residente num dos bairros da orla
marítima.
O sucesso de qualquer negócio depende da conexão com os
anseios da dos clientes. Na cooperativa, não seria diferente. “Há passageiro
que tem preferência pela viagem num determinado tipo de automóvel. Direcionamos
a corrida ao profissional cujo equipamento se encaixa na preferência do
cliente”, comenta.
Meire barros, funcionaria da cooperativa há sete anos,
explica que o “cliente é o dono do negocio e razão maior de sua existência”. A
Gazeta, confessa que trabalhar como recepcionista na cooperativa requer muita paciência
e muito bom humor no atendimento aos pedidos de toda cidade.
FAMÍLIA
“A gente acaba tratando a clientela como se fosse de nossa família.
A relação de cordialidade é fundamental para a qualidade de nosso trabalho”,
explica Meire. E quando o taxista não chega a temo ou não encontra o passageiro
no lugar previamente agendado em contato com a central?
Meire Barros
Ai, Cris Alcântara entra em cena. Sua missão: telefonar para
o cliente e avisá-lo de que o taxista chegou ou não encontrou o passageiro. “A
central de atendimento é o coração da cooperativa. O atendimento bem feito rende
frutos em toda cadeia de prestação de serviços”
Convênios rendem R$ 80 mil mensais
Além do cliente pessoa física, a cooperativa fechou negócio
com empresas públicas e privadas que dependem do serviço de transporte de
funcionários ou documentos para resolver suas pendências burocráticas.
Atualmente, são 30 os convênios em vigor, que rendem em torno de R$ 80.000
mensais.
Ao transportar, por exemplo, o funcionário de uma associação
de servidores federais, o taxista emite uma nota contendo o valor do serviço e,
depois da assinatura do passageiro, leva a segunda via à sede da cooperativa. A
conveniada paga pelo serviço em até 45 dias, mas o cooperado recebe 15 dias
depois.
“A gente antecipa os pagamentos de acordo com a
disponibilidade de recursos no caixa da cooperativa. Eis uma das vantagens de
se trabalhar de forma cooperada”, avalia Roberval Dantas, segundo o qual cada
um dos integrantes do grupo desconta 11% de INSS para ter direito à
aposentadoria no futuro.
PORTARIA
No inicio do mês, o judiciário julgou procedente a ação
direta de inconstitucionalidade proposta pelo ministério publico estadual
contra a lei do município de Maceió que autoriza a comercialização da permissão
para o uso de serviço de taxi, conhecido como “praça”.
Desde então, ficou terminantemente proibida a negociação. “As
“praças” também não podem servir como “espolio” de herança familiar, conforme
divulgado pelo Ministério Público. A decisão pôs fim a pratica da venda e
revenda de permissões para exploração do serviço.
VALORES
Apurou a Gazeta que oscilava entre R$ 50.000 e R$ 70.000 o
valor cobrado pela transferência (venda) de alvarás.
Leia mais na versão impressa
18 de Dezembro de 2011
Por: MAIKEL MARQUES – REPÓRTER
Fonte:
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