quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Hoje é a minha Profissão amanhã será a sua

Lembro quando este serviço pirata começou em Brasília.

A população defendeu.

Disse que o serviço de táxi era precário.

É certo que precisávamos melhorar, mas não éramos tudo isto de ruim que nos acusavam.

Temos falhas, assim como existem em todas as profissões.

O aplicativo usava o termo CARONA PAGA, mas cara de pau tem limites e mudaram para transporte privado de passageiros.

Logo começaram os debates no Facebook.

Os advogados trataram de defender o aplicativo abusando de termos técnicos e explicações infundadas numa tentava clara de lançar ali seus currículos.

Eu, ignorante como "todos os taxistas são", disse que eles ganhariam dinheiro só por um momento. Assim como eram momentâneas aquelas promoções. Disse que haveria a tal tarifa múltipla antes mesmo de saber que nome seria usado aqui.

Disse também que em pouco tempo o aplicativo teria o dobro de carros. Depois o triplo e os altos ganhos cairiam pela metade.

Disseram que eu era louco, que estava falando besteira.

Então eu disse que nós taxistas, "bandidos e grosseiros" que somos, seríamos apenas os primeiros. 

Que o aplicativo iria interferir em outras profissões e que aí entenderiam a concorrência desleal.

Os advogados mais uma vez disseram que eu estava sendo ridículo, que sua profissão é regulamentada e garantida por lei.

Profissionais da área de saúde disseram que o aplicativo deveria ficar porque o serviço de táxi tinha falhas. Como se o sistema de saúde fosse perfeito. Perguntei se eles aceitariam que privatizassem os hospitais, mas ninguém respondeu.

Os corretores também defenderam e aproveitaram para difamar os taxistas.

Para a população, sempre tem espaço para todos e sua  profissão não pode correr riscos, mas o táxi tem que acabar.

Eis que o tempo passou e o aplicativo interferiu no sistema de transporte de cargas. A população bateu palmas, mas os caminhoneiros reclamaram.

Investiu no transporte aéreo. Os grandes empresários tentaram convencer a população dos riscos futuros, argumentando que serviços baratos não permitem fazer manutenção nas aeronaves.

Criaram um serviço de Acessória Jurídica. A PROTESTE, e a OAB que sempre defendeu o direito de escolha do cliente e disse que havia espaço para todos, questionou o serviço na justiça. Os advogados, aqueles que disseram que sua profissão era regulamentada, e que eu era doido, fizeram campanhas contra o serviço.

-Chegaram ao cúmulo de alegar concorrência desleal.

A mídia que se vendeu ao aplicativo e fez convênios e vendas casadas, hoje tenta convencer o ouvinte sobre os riscos causados por uma rádio comunitária, o que jornalistas  chamam de rádio piratas.

Hoje, a vítima da concorrência desleal não somos somente nós, "taxistas bandidos".

São os advogados, os motoboys que um dia também defenderam o aplicativo.

São os corretores que usavam de artifícios para tirar vantagens dos clientes (comentários da população sobre eles no Facebook).

 Pela regra da generalização contra o taxista, poderíamos generalizar todos os profissionais de todas as profissões e dizer que todos são bandidos.

Se sua profissão não foi atingida, continue batendo palmas, mas não pense que por ser uma profissão regulamentada ou por ser você um ótimo profissional, que a concorrência não pode te abalar. O dinheiro compra e atropela as leis.

Código de trânsito?

OAB?

CRM?

O dinheiro passa por cima de qualquer regulamentação.

Hoje, mostrar ao mundo que o Brasil é um país corrupto, sem leis e sem respeito ao trabalhador, aqui recebe o nome de avanço tecnológico.

Políticos que se mobilizam para defender um serviço ilegal, mas não unem forças para acabar com as filas nos hospitais.

Deputados que mesmo de atestado médico, são capazes de irem defender algo ilegal, mas não movem uma palha pra ajudar combater o analfabetismo.

Brasil, o país da vergonha.


Taxista de Brasilia-DF
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