Preço alto faz motoristas de aplicativo de carros particular selecionarem passageiros
"Lucas Rodrigues: "Não compensa nem sair ‘pra’ buscar o passageiro, porque não paga nem o valor da gasolina" | Cortesia
A população alagoana já começou a
sentir no bolso os efeitos do novo reajuste do preço dos combustíveis. Os novos
preços não afetam somente aqueles que usam seus veículos para passeio. Taxistas
e motoristas de aplicativos vêm sofrendo com uma série de fatores que
dificultam o seu trabalho. A pandemia de Covid-19, os engarrafamentos na
cidade, a falta de apoio das empresas de transporte e principalmente o aumento
no preço dos combustíveis são fatores que levaram ao descontentamento daqueles
que trabalham no transporte particular de passageiros. Hoje, o sistema que
caracteriza o serviço dos aplicativos, como Uber e 99, não coincide com a
realidade dos preços dos produtos essenciais ao fomento da atividade. De acordo
com motoristas de aplicativos, as empresas não reajustam o valor que é repassado
aos prestadores desse serviço, o que os leva a optar por corridas que compensem
o gasto com o combustível. Segundo o motorista Raphael Frederick, a empresa
Uber não faz reajuste de tarifas desde 2015, quando entrou no Brasil,
diferentemente do combustível que já foi reajustado dezenas de vezes desde
então. Ao contrário disso, as viagens nos aplicativos ficaram ainda mais
baratas, prejudicando os ganhos dos motoristas que, para compensar, precisam
trabalhar mais horas e ser mais seletivos em aceitar as chamadas. “A corrida
mínima, no aplicativo, gira em torno de R$4, a gasolina está R$ 6. Ou seja, não
compensa nem sair ‘pra’ buscar o passageiro, porque não paga nem o valor da
gasolina.”, enfatiza Lucas Rodrigues, motorista de aplicativo há dois anos. Outros
pontos que, mesmo sendo subjacentes ao aumento da gasolina, também prejudicam o
trabalho dos motoristas são o trânsito da cidade, uma vez que mais tempo parado
em engarrafamentos significa mais consumo de combustível, e os cuidados com os
veículos, cuja manutenção também gera custos. Ainda existem aqueles que usam
automóveis alugados para o trabalho e precisam cumprir com o valor do aluguel
do seu meio de trabalho. “Infelizmente a gente tá ‘assando e comendo’. Eu tenho
que sair pra trabalhar, porque as contas não param de chegar”, ressalta Lucas
Rodrigues. O aumento do combustível também afeta a qualidade do serviço final.
A seletividade das corridas por parte dos motoristas acarreta aos usuários um
tempo de espera maior. “Às vezes a gente pega passageiro que reclama que a
corrida tá cara” continua Lucas Rodrigues.
A pandemia de Covid-19 foi outro
fator agravante, uma vez que muitos alagoanos sofreram com a baixa do comércio
e, principalmente, as demissões. Parte desse público viu nos aplicativos de transporte
uma forma de manter o sustento, mesmo com o medo de se contaminar com o vírus.
O secretário geral do Sindicato dos
Taxistas do Estado de Alagoas (Sitaxi-AL), Fernando Ferreira, afirma que as
duas ondas da Covid deixaram muitos taxistas sem poder realizar seus trabalhos
e, aqueles que continuaram atuando, não puderam realizar um serviço
satisfatório. Ele conta ainda que os constantes aumentos dos combustíveis
acaba “retirando” dinheiro do bolso do profissional, o que acaba refletindo na
qualidade de serviços ao usuário. Segundo Fernando Ferreira, o sindicato fica
de mãos atadas porque os reajustes são em nível nacional, afetando consumidores
de todo o País. “Orientamos os taxistas para evitar circular sem passageiros,
que preste um bom atendimento aos clientes, procurando fidelizar a
clientela. Prestar um serviço de excelência para que os passageiros voltem para
o táxi”, ressalta.
* Sob supervisão da editoria de
Economia
Por WANESSA FRANÇA | Edição do dia
28/08/2021
Matéria atualizada em 26/08/2021 às
20h47
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