Extra, que
representa o 13º salário dos taxistas, estará ativo até o dia 6
de janeiro de 2020
Os mais de três mil
táxis de Maceió começaram a circular, nesta sexta-feira (6), com a
chamada bandeira 2. A categoria afirma que o aumento representa o 13º
salário dos taxistas, que ganharam essa "vantagem" desde
1998.
Com isso, até o dia
6 de janeiro de 2020, o passageiro que quiser se livrar do transporte
coletivo para pegar um táxi deve pagar a mais o valor da corrida em
20%. Segundo o diretor do Sindicato dos Taxistas de Alagoas
(Sintaxi), Thiago Holanda , normalmente o passageiro pagava esse
mesmo acréscimo das 22 às 6 horas, todos os dias, e nos domingos e
feriados.
"Esse valor é
conhecido como o 13º dos taxistas, porém não vejo a quantia
suprindo as necessidades dos profissionais, visto que o movimento de
corridas anda muito abaixo da média. Estamos perdendo para os
motoristas de aplicativos, então, a bandeira 2 deixou de ser motivo
de felicidade para a classe", acrescentou Holanda.
Ainda de acordo com
ele, apesar da queda no número de corridas, a expectativa de viagens
durante as festas de fim de ano é positiva. "Nossa Orla está
linda, então aguardamos muitos turistas que queiram conhecer e
observar a decoração. Além disso, temos a tradicional queima de
fogos e, claro, muita gente vai querer se deslocar até a praia, para
assistir. No ano passado apuramos uma quantia significativa e, por
isso, a expectativa é de repetir o feito, já que não se pode
melhorar", falou.
Fiscalização
Mais fiscalização
por parte da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito
(SMTT). Essa é a principal reivindicação feita pelos taxistas de
Maceió após o prefeito Rui Palmeira (PSDB) sancionar lei que
regulamenta o transporte remunerado de passageiros por aplicativo na
capital em março deste ano.
"Nos últimos
meses venho recebendo ligações de familiares de taxistas informando
que muitos estão entrando em depressão e com a prestação do
veículo atrasada. Há casos também que alguns motoristas estão
tentando tirar a própria vida. Para se ter uma ideia, a classe só
consegue uma ou duas corridas por dia. Isso é revoltante, já que no
final somos nós que pagamos os impostos. Só estamos lutando por
nosso direito e por mais igualdade. Queremos que a fiscalização
seja implantada o mais rápido possível", expôs o diretor do
Sintaxi.
À Gazeta, a SMTT
assegurou que está elaborando uma minuta de decreto para
regulamentar o serviço de transporte remunerado privado individual
de passageiros executado por meio de plataformas tecnológicas no
município de Maceió. O órgão esclareceu, ainda, que se reunirá
com os representantes dos aplicativos para resolver as questões
técnicas necessárias para iniciar a fiscalização. A previsão do
encontro não foi informada pelo órgão.
"Percebo que
quem vai pagar essa conta é a própria população. Muitos taxistas
também vão tirar a própria vida, foi isso o que aconteceu em
outros países. Não existe fazer uma regulamentação em Maceió sem
haver uma fiscalização adequada. Não é justo o que estão fazendo
com os taxistas. A classe é desempregada. São pessoas que
necessitam de seu trabalho, do seu táxi. Se um dia acabar tudo isso,
prejudicará o futuro, as pessoas", observou Thiago.
Longa jornada
Queda nos
rendimentos estimada em 50%, 60% ou até mesmo 70%. Horas parados no
ponto à espera de um passageiro. Falta de uma perspectiva de
melhora. Desde a chegada dos transportes por aplicativo, essa é a
realidade vivida pelos taxistas da Capital.
Esse desânimo é
latente em um posto de gasolina no bairro da Cambona, em Maceió,
onde o taxista Armando da Silva, 62 anos, ganha a vida a mais de três
décadas. Com uma família toda de taxistas, ele disse que não foi
difícil escolher a profissão.
"Eu via meu pai
e meus tios saindo de casa muito cedo para trabalhar, então,
despertou em mim a vontade de seguir no ramo. Posso falar que já
vivi muitas coisas boas na profissão. Era mais de dez corridas por
turno. Hoje, a situação está mais difícil e acredito não durar
muito tempo rodando pela cidade".
Sem perder o sorriso
no rosto, Armando diz que foi há quase dois anos que presenciou o
movimento de passageiros em seu táxi despencar. "Quando o
transporte por aplicativo se popularizou, foi o fim da nossa classe.
As pessoas acham mais viável pagar mais barato, e eu as entendo. Só
não posso concordar com a falta de igualdade. Se pagamos caro com
impostos, eles também devem seguir no mesmo caminho. Espero, de
verdade, que essa lei nos ajude", ponderou.
Situação
semelhante é vivida pelo colega Carlos Junior. Ele contou que já se
inscreveu em ao menos cinco vagas oferecidas em um site. Segundo ele,
antes, um táxi em Maceió conseguia ganhar até R$ 600 brutos em
dias bons. Agora, quando chega a R$ 200 já é uma alegria.
Por Greyce Bernardino | Portal Gazetaweb.com 06/12/2019 18h26
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