Aline Melo trabalha com a irmã
gêmea e compartilha o dia a dia de taxista pelo Instagram
Segundo Aline, profissão exige habilidade para cativar clientes "ser tagarela faz parte", diz.
Para além das canções e poesias, a
paisagem exuberante do litoral alagoano inspira o dia a dia da taxista Aline
Melo, que há 13 anos atua no segmento turístico. Aos 56 anos de idade e
orgulhosa da profissão que desempenha, ela acredita fazer a diferença no dia a
dia dos clientes e garante que, além de driblar o desemprego e a crise, é
taxista por paixão.
"Eu nunca imaginei que eu ia
trabalhar como taxista. Isso nunca passou pela minha cabeça", diz ela,
relembrando a trajetória profissional.
"Já trabalhei em restaurantes,
no serviço público, em cruzeiros, mas eu vi que o que eu gostava mesmo era de
passear e conversar com as pessoas, porque eu sou tagarela, sabe?"
É com o bom humor que a motorista
vende seus destinos, indica passeios, transporta milhares de turistas e leva a
vida. Segundo Aline Melo, os diferenciais no serviço que oferece a ajudam a
driblar o que chamou de "tempo de vacas magras", uma referência à
crise financeira que o País atravessa.
"As pessoas estão sem emprego,
estão apertadas. Então, nesse período, nós nos adaptamos também. Entendemos
quanto o turista quer pagar e sugerimos um passeio, um programa legal. E eu só
indico locais para os quais eu quero ir, porque a gente só dá aos outros o que
gostaria de receber", diz.
"Eu gosto de conversar, sou
apaixonada por pessoas. Eu sei que elas têm dias ruins, em que preferem ficar
caladas, mas quando tenho oportunidade eu converso, faço rir. Eu vivo todos os
dias da melhor maneira possível, pois ninguém sabe o dia de amanhã",
completou.
No último Carnaval, um vídeo da
taxista circulou pelo WhatsApp ( https://youtu.be/fsmOwT_N5wI ). Nele, o cliente dirigia o táxi em meio ao bloco
Pinto da Madrugada, enquanto Aline caminhava entre os foliões e carros na
tentativa de dispersar o trânsito e garantir a passagem.
"Eles estavam com medo de
perder o voo. Saímos 11h da manhã, mesmo o voo deles sendo às 15h. Gastei uma
hora para ir da Pajuçara ao Poço, o engarrafamento estava muito grande. Então
eu não tive outra alternativa a não ser organizar aquele trânsito todo. Cliente
meu não perde voo", afirmou.
ROTINA
Aline e Analine Melo trabalham
juntas como taxistas e guias no litoral alagoano
Na sexta-feira, 26 de julho, a
taxista saiu às 8 horas da manhã em direção a São Miguel dos Milagres (AL), que
ela conta que é um dos destinos mais procurados ultimamente e atrai turistas de
todos os tipos. Já passava das 19h quando Aline voltou para Maceió e, apesar de
ser um trabalho que exige responsabilidade e atenção, ela relatou que não
estava cansada.
"Eu não me canso não. É uma
atividade trabalhosa, mas é tão gostosa que a gente nem sente. Temos muita
sorte de ter em Alagoas tantos destinos maravilhosos para os quais você vai
trabalhar, mas se encanta com as praias, com as paisagens, com o clima"
Ela divide o trabalho com a irmã
gêmea, Analine Melo, que também atua como taxista e administra o negócio da
família. Com 56 anos, Aline diz que não pretende parar tão cedo e que, mesmo
quando se aposentar, vai continuar trabalhando.
"Temos 56 anos, mas eu me
considero jovem. Quero me aposentar, mas não vou parar de trabalhar não. Até
porque, com essa nova previdência vai ser difícil alguém se aposentar e não
precisar trabalhar", diz.
MULHER TAXISTA
O número de mulheres atuando como
Uber, por exemplo, é cada vez maior. Segundo dados da própria empresa, pelo
menos 30% dos colaboradores são mulheres. A meta é equilibrar esse número até
2020. A reação dos clientes, segundo Aline, varia.
"No geral os passageiros
gostam. Eles são maravilhosos. O que dizem é que se sentem mais seguros, se
sentem amados. Tem todo um jeito de cuidar e eu cuido, me preocupo demais com a
boa impressão do turista. O turismo só cresce quando a gente oferece nossa
verdade, independente de qualquer coisa", finaliza.
Por Maylson Honorato | Portal
Gazetaweb.com 28/07/2019 11h33
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