domingo, 9 de dezembro de 2018

“A Verdade saindo do poço”



“A Verdade saindo do poço” (“La Vérité sortant du puits”), Jean-Léon Gérôme, 1896. Museu Anne de Beaujeu, Moulins.

A pintura ( ao final do texto) “A Verdade saindo do poço” (1896),  está ligada a uma parábola judaica  do século xi.

Segundo essa parábola, a Verdade e a Mentira se encontram um dia.
A Mentira diz à Verdade: Hoje é um dia maravilhoso!
A Verdade olha para os céus e suspira, pois o dia era realmente lindo.
Elas passaram muito tempo juntas, chegando finalmente ao lado de um poço. A Mentira diz à Verdade: “A água esta muito boa, vamos tomar um banho juntas!”
A Verdade, mais uma vez desconfiada, testa a água e descobre que realmente está muito gostosa. Elas se despiram e começaram a tomar banho.
De repente, a Mentira sai da água, veste as roupas da Verdade e foge.
A Verdade, furiosa, sai do poço e corre para encontrar a Mentira e pegar suas roupas de volta.
O mundo, vendo a Verdade nua, desvia o olhar, com desprezo e raiva.
A pobre Verdade volta ao poço e desaparece para sempre, escondendo nele sua vergonha.

Desde então, a Mentira viaja ao redor do mundo, vestida como a Verdade, satisfazendo as necessidades da sociedade, porque, em todo caso, o Mundo não nutre nenhum desejo de encontrar a Verdade nua.

Existe um outro final dessa parábola que diz:

A verdade, por sua vez, recusou-se a vestir-se com as vestes da mentira. E por não ter do que se envergonhar, saiu nua a caminhar pelas ruas e vilas.
E desde então é por isso que, aos olhos de muita gente, é mais fácil aceitar a mentira vestida de verdade do que a verdade nua e crua.
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