“A Verdade saindo do poço” (“La Vérité sortant du puits”),
Jean-Léon Gérôme, 1896. Museu Anne de Beaujeu, Moulins.
A pintura ( ao final do texto) “A Verdade saindo do poço”
(1896), está ligada a uma parábola
judaica do século xi.
Segundo essa parábola, a Verdade e a Mentira se encontram um
dia.
A Mentira diz à Verdade: Hoje é um dia maravilhoso!
A Verdade olha para os céus e suspira, pois o dia era
realmente lindo.
Elas passaram muito tempo juntas, chegando finalmente ao
lado de um poço. A Mentira diz à Verdade: “A água esta muito boa, vamos tomar
um banho juntas!”
A Verdade, mais uma vez desconfiada, testa a água e descobre
que realmente está muito gostosa. Elas se despiram e começaram a tomar banho.
De repente, a Mentira sai da água, veste as roupas da
Verdade e foge.
A Verdade, furiosa, sai do poço e corre para encontrar a
Mentira e pegar suas roupas de volta.
O mundo, vendo a Verdade nua, desvia o olhar, com desprezo e
raiva.
A pobre Verdade volta ao poço e desaparece para sempre,
escondendo nele sua vergonha.
Desde então, a Mentira viaja ao redor do mundo, vestida como
a Verdade, satisfazendo as necessidades da sociedade, porque, em todo caso, o
Mundo não nutre nenhum desejo de encontrar a Verdade nua.
Existe um outro final dessa parábola que diz:
A verdade, por sua vez, recusou-se a vestir-se com as vestes
da mentira. E por não ter do que se envergonhar, saiu nua a caminhar pelas ruas
e vilas.
E desde então é por isso que, aos olhos de muita gente, é
mais fácil aceitar a mentira vestida de verdade do que a verdade nua e crua.
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