O presidente do Uber vem ao Brasil
para tentar evitar a regulamentação de aplicativos que prestam serviço de táxi
em carros particulares. O único investimento que o Uber faz no Brasil é nas
altas somas pagas à Rede Globo pelas propagandas em horário nobre, como a que
foi exibida esta semana no intervalo do Jornal Nacional. Quando o Uber paga
para ter direito à publicidade na Globo, está investindo numa emissora que
patrocina a tomada do poder político por figuras como o Temer. Ao ser
anunciante da Globo, o Uber fortalece uma emissora que ajudou a promover
movimentos neoconservadores como o MBL. Quando o Uber se associa à Globo,
fortalece uma empresa de comunicação que apoiou dois golpes de Estado; que se
empenhou pela aprovação da Reforma Trabalhista, uma reforma que desregulamentou
o emprego como conhecemos; a mesma Globo, que agora nos empurra a Reforma da
Previdência como algo benéfico, não revelando que se trata da privatização do
sistema de aposentadorias. O Uber e a Globo são faces iguais de uma mesma moeda
oxidada.
O Uber alega que a regulamentação
fere o direito de escolha do cidadão, não confessa que foi proibido em grandes
metrópoles como Londres por ferir a integridade física do cidadão, por não
proporcionar segurança aos seus usuários e motoristas, da mesma forma que
ocorre no Brasil. O presidente do Uber não irá falar sobre as mais de 50 mil
denúncias que coleciona em sites de defesa do consumidor, como o Reclame Aqui,
nem revelará que é uma das empresas com mais queixas diárias relatadas nesse mesmo
site. O Uber e outros aplicativos são empresas de táxi enxertadas pelo capital
estrangeiro, mas que não querem ser classificadas nas mesmas regras que
orientam os taxistas. Querem o monopólio de um mercado que é bilionário quando
não precisam se submeter às leis que protegem o consumidor e os prestadores de
serviço. O Uber e todos os aplicativos querem a mesma desregulamentação que vai
acabar com nossos empregos, com a nossa renda e com a aposentadoria que nos
garantia sobreviver à velhice.
Texto de Alexandre Coslei. Facebook 30/10/2017
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